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Estava livre naqueles dias na Itália. Sozinha. No caminho de trem saltei em Verona. Sim, na terra onde a história de Shakespeare se passa… onde podemos visitar a casa de Julieta, também protagonista do filme “Cartas para Julieta”, que eu já assisti.

Não programei, não pesquisei nada. Apenas desci do trem esperançosa! Mais uma cidade nova, sobre a qual nada sabia além do relatado acima! Fui de supresa mesmo porque essa sensação de descoberta é deliciosa!

Desci acompanhando os quase apressados italianos e segui o fluxo. Imaginei que “todos iriam para o centro histórico”!

Mas claro que isso não era certo. Olhei para o lado e uma moça estava caminhando próxima a mim. Bela, largos passos, pareceu receptiva caso eu resolvesse perguntar algo e foi o que fiz.

-Scusami. Voglio andare al centro historico di Verona. Puoi autarmi per dove devo andare? Sai la direzione? (Me desculpe, no estilo licença.. Eu quero ir ao centro histórico de Verona. Você pode me ajudar me dizendo para onde devo ir? Sabe a direção?) Escrevo num italiano simples e da minha mente mesmo, com os erros de uma estrangeira que já estudou no Brasil mas que quando vai à Itália é bem compreendida!

Ela muito simpática disse que estava indo para lá e então fomos juntas. Ela estudava Direito e estava indo encontrar uma amiga que havia conhecido ali naquela cidade há um tempo atrás. Elas tinham em comum uma paixão pela ONU e marcaram uma tarde para se reencontrarem em Verona, fazer novos planos e relembrar aqueles momentos que a trouxeram para Verona meses antes. Maria morava numa cidadezinha próxima e a amiga em outra. Pegaram um trem e em alguns minutos estavam em Verona.

A minha aventura então começou. Fomos papeando tranquilas, trocando informações de nossas vidas, eu contei a aventura daquela manhã quando fui pegar minha idendidade na Comuna de onde minha família veio para o Brasil e ela os planos com a amiga.

Em certo ponto eu avistei um hotel e mesmo não querendo sair de perto dela, avisei que iria pegar um mapa dentro do hotel e agradeci demais que ela me levou até lá. Mais uma pessoa maravilhosa que conhecemos durante as viagens, solícita, educada e simpática. E sim, italiana! Tire de dentro de você aquele estereótipo conhecido no Brasil sobre os italianos. Saiba que lá somos conhecidos nós por este estereótipo de secos, mal educados e grossos.

A Itália é maravilhosa, cheia de história, que pula aos nossos olhos na próxima esquina, assim como pulou a Arena de Verona, um enorme anfiteatro na Piazza Brá.

Andei sozinha me deliciando com os olhos cada canto da cidade antiga. Subi na casa de Julieta, toquei nos bilhetes deixados na parede por milhares de pessoas de todo o mundo, entrei na fila para tirar foto com a estátua. Visitei o museu e sai como quem sai de um filme italiano rumo às ruelas daquele vilarejo. Estava muito feliz.

Quando deu fome eu estava no centro de tudo e pensei que os restaurantes ali na avenida principal deveriam ser bem mais caros. Virei na primeira rua que vi, já imaginando que nas ruas de trás, escondidos, haveria muitos restaurantezinhos aconchegantes e pequeninos com preço mais em conta e mesmo assim lindos, apenas porque eram italianos na Itália!

Viro o rosto para a direita e quem está ali sentada? Maria! Fui até ela que me apresentou à amiga e quis deixá-las avontade para colocar o papo em dia mas elas se juntaram a mim querendo me mostrar um restaurante de preço bom e que ficava numa praça grande e bonita. Não me recordo do nome da amiga dela mas elas me esperaram comprar um gelato genuinamente italiano hummmmm de apenas 2 ou 3 euros na casquinha e passaram a me acompanhar para um pequeno passeio. Segui seus passos que me levaram a um restaurante de filme, daqueles que tem as mesinhas na calçada de fora e comida divina…

Elas me explicaram como sair dali de volta pra parte mais conhecida e eu não entendi bem mas achei que elas iriam embora ou algo do tipo. Não se se se pararam ou se foram juntas.Mas me despedi de novo pensando em como é legal fazer amizades durante as viagens e como fui afortunada de conhecer Maria! Assim eu não me senti só na cidade” Sabia que tinha uma amiga por ali, mesmo que eu não tivesse internet para contactá-la e não me lembro se foi na vinda que peguei o whatsapp dela, acho que sim. Enfim. Ela me fez não me sentir só completamente.

Nos despedimos mais uma vez, a segunda naquele dia e novamente voltei a desbravar a cidade. Mais tarde sentei no restaurante indicado, escolhi no menu minha comida e me deliciei com aqueles ingredientes que parecem não existir no meu país, massa leve, gostosa, apetitosa.

Não sabia que horas eram mas sabia que anoiteceria tarde pois era verão, agosto de 2016 e por isso eu ainda tinha tempo.

Meu bilhete de trem me permitia pegar um trem de hora em hora, qualquer um deles…que fosse às 16:15 ou 17:15 e por aí vai. Eu não estava estressada com a hora.Não havia ninguém me esperando em meu hotel em Milão. O hotel não era lá essas coisas e eu estava tranquila. Me levantei ao terminar e voltei a apreciar toda a vista à minha volta.

Só que eu não me lembrava o caminho da estação de trem pois eu vim conversando com Maria e não prestei atenção. Aff… e agora? Bom. Mesmo que essa parte da cidade, saindo do centro histórico fosse mais deserta, não havia tanto perigo pois eu estava na Itália! Então fui caminhando devagar e perguntando a direção de tempos em tempos.

Em dado momento perguntei a um crinha qu estava em um carro com vidro aberto. Ele me explicou com riqueza de detalhes e eu pensei.. bom.. mais pra frente pergunto de novo pois eu não me lembrarei disso tudo. Eu já estava cansada nessa altura do dia, de tanto caminhar.

Do nada, ele vira e pergunta: Você quer que eu te leve? É mais fácil que explicar. E eu pensei.. hum.. fiquei olhando.. e perguntei, você é táxi? não percebi! Ele disse que não.. que estava esperando a esposa que ia demorar uns 10 minutos ainda e que poderia me levar sem problemas.

Em outra ocasião que posso contar em outro momento, quando um senhor me ofereceu e eu realmente precisava pois estava realmente perdida e com pouca grana em Montepulciano.. eu não aceitei de jeito nenhum. Mas o Marco pareceu bem apessoado, educado e verdadeiro. E eu, louca!? Aceitei. Afinal, não era uma paquera, ele estava esperando a sua esposa..enfim. Eu fui e conversamos um pouco até chegar. Por causa disso eu já monitorei o relógio, pois já que ele estava me levando, eu poderia realmente chegar no horário do próximo trem e já ir embora logo! Ele percebeu e me levou mais rápido ainda. Foi um ótimo e tranquilo momento. Não me lembro de sua fisionomia direito, nem do seu nome exatamente. Marco está bom e nos despedimos para nunca mais nos vermos. Não peguei seu contato, ele era casado, achei que seria deselegante. Corri para olhar o horário do trem e confirmar na tela no alto e para revalidar o meu bilhete!!

Mas perdi por 2 minutos!! Sim, na Itália e na europa em geral os trens saem exatamente na hora. Tipo: 16:03.. estranhamente o trem está marcadio para as quatro e três da tarde e eles saem exatamente a essa hora! Para um brasileiro fica difícil compreender isso. Mas raramente há atrasos e quando há é porque nevou, ou houve realmente um problema (outra coisa que não acontece no Brasil.. nevar…) Mas a época era de calor intenso. Agostão de verão na europa. Me conformei. Passei pelo banheiro e comecei a procurar uma tomada no chão ou paredes da estação para colocar meu telefone para carregar e incrivelmente não havia nenhuma sequer!

O trem que eu pegaria não teria tomadas para carregar por ser daqueles mais antigos e simples e não me lembro se meu livro à tiracolo estava comigo. Não me recordo realmente. Mas eu tenho sempre um livro comigo. Qualquer brecha eu pego e leio mais uma partezinha, fico competindo comigo mesma em quanto tempo vou acabar e quantos livros leio por ano. Meu número drasticamente caiu nos últimos 3 anos mas cheguei a ler 27 em um ano.

Fiquei por ali, enrolei e quando deu a hora do próximo trem eu entrei logo. Bilhete revalidado em mãos pois o fiscal passa olhando os bilhetes e se você não validou ele te multa em 50 a 100 euros. E você tem que pagar quando descer, senão a multa dobra e eu não estava a fim de passar por isso. Tem as maquininhas da Trenitalia nas quais você revalida espalhadas pela estação. Atualmente a maioria dos bilhetes é digital, mas naquela época não muito distante (como o mundo muda rápido hoje em dia) era assim.

Vou sempre andando para escolher o vagão para me sentar e para minha grande surpresa, advinha quem estava sentada no canto do próximo vagão! Maria! Veramente! Ela abriu um sorriso e eu também. Não acreditamos nas coincidências daquele dia. Eu falei de Deus para ela. Essa inclusive era um dos meus objetivos naquela viagem à Europa.. falar do que Deus já havia feito em minha vida mas quando houvesse oportunidade, além de trabalho voluntário que eu já tinha feito nas visitas aos refugiados de guerra da Síria e Iraque na Jordânia dias atrás. Porque aquilo não era normal! A gente então foi conversando mais ainda, temos uma vida pra contar e ela me contou de sua família e das cidades onde moravam e no meio do caminho Maria me deixou novamente para ir para casa, mas aí a amizade já estava estabelecida, apesar de ela ser bem mais nova do que eu.

da janela do trem o pôs do sol

Até hoje nos falamos por vezes e ela sempre muito gentil, sorridente mesmo nos áudios de whatsapp. O que me faz sentir saudades não apenas dela, mas daquele momento em que eu corajosamente me joguei no mundo sozinha e fui atrás dos meus sonhos, realizei coisas só minhas e outras que muitos adorariam fazer mas não tem coragem. Eu tive!

Hoje posso contar essa história inusitada de um momento único e mágico que vivi na minha vida em 2016, ao viajar 2 meses pela europa, incluindo uma semana no Oriente Médio para o trabalho voluntário.

Eu vivencio momentos particulares e únicos a toda hora… mas alguns deles marcam para sempre e estou feliz de hoje conseguir registrar essa história que me marcou. Uma tarde em Verona. No verão de 2016.

Essa história é real e aconteceu em agosto de 2016 Em Verona na Itália




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